"Só falta mais uns meses..."

Nem todos os dias são um mar de flores. 

E ontem senti-me estranha. 

Cansada mentalmente. 

Quis distrair-me desse sentimento porque só me leva a sítios que não gosto de estar. 

Fui tomar um banho e pensei que se calhar o que precisava era de escrever, mas sobre o quê? Não havia nada em específico que me incomodasse. 

Peguei nas minhas coisas e fui-me meter na rua, pronta para que a caneta me levasse pelas linhas do caderno e fosse capaz de exprimir o que nem eu sabia que estava a sentir, mas nada. 

E foi quando chegaste e me perguntaste o que estava a fazer. 

Sentaste-te ao meu lado e começamos a falar das horas ridículas que faço no trabalho e tu bateste o pé que eu devia ter opção de escolha no que toca a horas extras. 

Foi aí, entre linhas e meias palavras que percebi. 

Era isso que me incomodava. O trabalho, as horas, as pessoas...e senti-me como se fosse rebentar e chorar, mas no meio da conversa fizeste-me perceber que, só devia dar valor e importância se esta me for dada a mim também. E isso é uma coisa que não acontece no trabalho. 

Enquanto olhava para o vazio, engoli o choro e mandei-me a mim mesma deixar de coisas e aguentar mais um pouco. Apesar de saber que me irias apoiar, quer decidisse ficar ou não, pensei:

"Só falta mais uns meses..." 

Quando dei conta já tinhas acabado de fumar, levantas-te e disseste “anda” e eu quis ficar, mas tu insististe, insististe e eu acabei por ir. E ainda bem. 

Por teres insistido, eu fui e não deixei que os meus pensamentos me levassem a sentir “vazia” ou “cansada” de coisas sem importância.

Apercebi-me melhor daquilo que já sabia, és e sempre serás o meu porto seguro. 

Aquele que transforma qualquer pensamento menos bom em nada e que constantemente (sim, outra vez) me puxa para a terra e para o que vale a pena. 

Aquele que faz as horas valer a pena e que me apoia conforme o que decidir.

Aquele que não me julga quando sou a maior parva e desato a chorar, ao invés diz-me para ganhar estofo porque as coisas nem sempre vão ser fáceis.

Aquele que acalma o meu tsunami, venha ele de onde vier. 

Amo-te muito. 

Obrigada por seres tu. 

Tu carinhoso e precioso, que acalma tudo mesmo sem perceber. 

Amo-te muito (outra vez) e muito muito !