O meu lado calmo

Estou para te escrever este texto há uma semana.
Há uma semana que ando a tentar meter as palavras certas por escrito.
Sabes, isto é tudo tão mais fácil na minha cabeça e às vezes, meter por escrito é difícil porque as palavras não são o suficientes.

A ideia de te escrever veio naquela noite em Fuerteventura que não conseguia dormir. O costume.
Porque cada vez que não consigo dormir, tu és sempre o meu constante.
Quando os barulhos me incomodam e me tormentam.
Quando os pensamentos começam a crescer e a tomar conta de mim.
Quando tudo parece errado comigo porque se tudo estivesse certo, então como é que traumas passados ainda me assombram? Especialmente nos sítios desconhecidos.

E naquela noite, por mais que tentasse ignorar tudo isto, não conseguia. Maioria das vezes que isto acontece, sentir-te ao meu lado ou tocar na tua mão chega, mas naquele dia nada funcionava.
Para me encostar a ti, tinha que virar as costas para a varanda, que era de onde soava o barulho enervante do vento a bater contra o vidro e isso fazia me sentir desprotegida. Estúpido não é?
Acabei por me levantar e ir para o teu lado na cama de maneira que me abraçasses.

O que mais me surpreendeu foi tu saberes logo a razão porque ainda meio a dormir disseste:

"São os barulhos? Estás bem?" 

E envolveste-me logo num abraço, a passares a mão pelas minhas costas para eu adormecer. Assim que me envolveste senti-me segura outra vez. Senti-me na casa que tu és. 

Já te tinha dito que tu és o amor mais calmo que tive e nesses dias é quando penso mais nisso.
Porque por mais entusiasmante que seja os planos que fazemos, ou o quão longe já chegámos ou o simples facto de dormir ao teu lado, tu és o meu lado calmo.
És o meu constante. 

Não consigo nunca explicar o porquê de dizer isto mas...suponhamos que sou um oceano. Às vezes o meu dia a dia faz-me louca e cria ondas altas e fortes que equivalem às minhas frustrações no trabalho ou vida...muitas dessas ondas ficam perto de se tornarem um tsunami e serem impulsivas no que destroem pela frente, mas depois? Depois eu chego a casa e vejo-te. E como por magia, acalma tudo e as ondas morrem.
Daí seres o meu constante. O meu lado calmo. 

Como amo o que crias em mim. 

Amo-te muito muito e obrigada por me conheceres tão bem e lidares com os meus receios tão cuidadosamente.

Always yours. 

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